sexta-feira, julho 28, 2006

Mão na cabeça!

Todo mundo (e certamente várias vezes) já foi revistado.

E imagina só com que alegria o sujeito fica plantado em frente a uma boate até as 4 da manhã apalpando um monte de macho enfileirado?

Depois dizem que profissão difícil é lixeiro...

Mas tudo isso pra contar uma experiência pela qual eu passei (provavelmente a única na vida).

Eu, na Alemanha, cercado de alemães e alemãs, numa fila.

Fila modo de dizer, um aglomerado pra entrar num lugar com um telão onde um dos jogos da falecida Copa do Mundo estava pra começar.

Escolhi minha direção dentro da muvuca e vâmo que vâmo.

Cotovelada no olho, pisão no pé, empurra, empurra e golpe baixo.

Na minha frente um casal de agentes da Gestapo. Pareciam dois brontossauros de bermuda. Dois metros e la vai cacete tampando toda visão que eu poderia ter de como a fila se comportava meio metro à frente.

Depois de uns 10 minutos de luta pra não ser esmagado entre os dinos, eis que chega minha vez de passar pela revista.

Diante de mim, um loira absolutamente fenomenal pede pra que eu abra a mochila. Lá dentro um guia de Munique, um dicionário alemão-portugês, português alemão e uma garrafa d’agua.

Quando eu já esperava emburrado que ela me mandasse passar para o Rotweiller 3x4 que vinha logo em seguida para a apalpação de praxe, eis que ela mesma foi, gentilmente, verificar se eu portava alguma semi-automática no cinto, faca na perna, carabina no coldre, granada no bolso, colete de homem bomba ou quem sabe uma zarabatana desmontável na meia.

No fim das contas, só me restou recorrer ao dicionário de dentro da mochila pra perguntar:

Es war für Sie gut?

quarta-feira, julho 26, 2006

O Pegarubs.

Como assim o que é Pegarubs?

Pegarubs é aquela sujeirinha que fica no meio dos dentes.

E se pronuncia puxando o erre que nem americano fala, pegarrrrrubs.

As pessoas geralmente generalizam no tipo de sujeirinha e a chamam inadvertidamente de couve.

- Cê tá com uma couve no dente.

Mas é claro que nem todo Pegarubs é couve. Aliás, observando o exemplo à cima lembrei de um adendo importantíssimo: amigo que é amigo avisa o outro que tá com alguma coisa no dente.

Quantas vezes você chegou em casa, abriu um sorriso se olhando no espelho e deu de cara com uma coisa verde entalada no dente da frente?

Aí bate aquele desespero e você pensa assim:

Será que alguém viu?
Caramba, desde que horas eu to com isso?
Maldita salada!
Será que eu ri muito depois de comer a salada?
Cacete, a salada foi de entrada, eu tô há umas 4 horas com isso no dente.

Aí você começa a falar e a rir na frente do espelho pra simular o que as pessoas estavam vendo. E constata que todo mundo notou que tinha uma alfafa gigante tampando seu pré-molar.

Você passou a noite inteira chavecando uma menina com um manjericão decorando seu sorriso.

- Ninguém nem pra me avisar!

Sei lá, fala em código.

Tenho um amigo que, sem cerimônia nenhuma, abre um sorrisão depois do almoço e pergunta:

- E aí Gaston, tem neguinho na arquibancada?

E eu já emendo:

- Tem um Palmeirense aí na numerada superior.

Pois é, tem que ter muita elegância e discrição. Um papo aparentemente natural entre dois homens que falam sobre futebol na verdade é uma mensagem cifrada pra alertar sobre a presença de Pegarubs indesejáveis.

Amazing.

 
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