quinta-feira, novembro 29, 2007

E o telefone do céu tocou novamente.

(aos que já leram e comentaram, leiam novamente porque eu resolvi mudar o desfecho. Pode comentar de novo se quiser também :0)

tuuuu........tuuuuuu.......tuuuuuu.........tuuuuu

- Alô

- Alô, de onde fala?

- Controle da Vida, Departamento de Destinos, Antônio, boa tarde.

- Oi Antônio, tudo bem?

- Tudo bem, em que posso ajudá-la?

- Eu queria fazer uma reclamação sobre o meu destino.

- Pode falar Senhorita, qual o seu problema?

- Que cara feio é esse que vocês arrumaram pra ser minha alma gêmea?

- Mas senhorita...

- Mas senhorita o escambau. O Gianecchini andando por aí solteiro, tanto homem bonito nesse mundo e o meu tinha que ser aquela desgraça?

- Mas quem ama o feio, bonito lhe parece.

- E o senhor acha bonito ser feio?

- Mas senhorita, o amor é cego.

- É, o amor é cego e o cara que vocês me arrumaram é vesgo.

- Calma Senhorita, antes de prosseguir, posso confirmar alguns dados?

- Pode.

- Seu nome?

- Beatriz.

- Idade?

- Vinte e sete.

- Sem mentir, aqui é o céu e a gente tem sua certidão de envio para nascimento.

- Trinta.

- Já foi casada?

- Morar junto serve?

- Vocês aí na terra vivem achando que morar junto é casar. Casar só com o aval do Jesus, o chefe do departamento daqui de cima. Mania que esse povo tem de querer dar um jeitinho...

- Calma Antônio, eu só não tava preparada, fui fazendo um test-drive e não deu certo.

- Tempos modernos viu, não vejo a hora do chefe ligar o apocalipse.

- Como?

-Nada. Muito bem D. Beatriz, muito obrigado por confirmar esses dados. Qual o seu problema?

- Então, eu achei o homem da minha vida. Acho que achei, pelo menos. Mas ele é feio que dói, coitado. Tudo bem, ele é educado, inteligente, tem um bom emprego numa empresa de seguros, gosta das mesmas coisas que eu, tem assunto pra tudo, me ouve e até cozinhar pra mim ele já andou cozinhando. Tudo certinho como eu sempre desejei. Mas é o capeta de feio. O cara é um filhote de gremlin. Parece um cruzamento de Woody Alen com Ronaldinho Gaúcho.

- Afe.

- Como?

- Nada, prossiga.

- Então. Ele é horrível. E eu tô completamente apaixonada pelo sujeito. É incontrolável, é mais forte que eu. Eu olho pra ele e sinto vontade de beijar aquela boca dentuça embaixo daquele narigão imenso. Você não tá entendo Tonhão. Posso te chamar de Tonhão, né?

- ...

- Eu tenho vergonha de sair de mão dada com ele. Outro dia ele veio me agarrar na fila do cinema e apanhou de uns caras que separaram a gente achando que era briga.

- Sei.

- As pessoas olham pra nós dois na rua e acham que eu tô fazendo caridade, que eu tô pagando promessa, que eu tô levando um acidentado pela mão pro hospital, essas coisas. Teve uma baiana que quis me benzer porque achou que tinha um exu atrás de mim.

- D. Beatriz, deixa eu verificar no sistema aqui se está tudo em ordem com o destino da senhora. Qual o nome do rapaz?

- Gustavo.

- Um minuto por favor.

(... não desligue, sua ligação é muito importante para nós. Há dois mil e sete anos, nossa empresa...)

- D. Beatriz, é isso mesmo. Tá certinho, esse rapaz, o Sr. Gustavo, é mesmo a sua Alma-gêmea. Sinto muito.

- Escuta Tonhão, ele vai ganhar na mega-sena, pelo menos?

- Hum, deixa eu ver aqui... não.

- Vai fazer uma plástica no nariz e botar aparelho?

- Não, aqui não consta nada disso.

- E nosso filhos, vão puxar o pai?

- Qual dos cinco a senhorita quer saber?

- CINCO?

- Olha, o último vai ser a cara do pai. A Senhorita tem sorte. Quando o pai é muito feio, só o último puxa ao pai. Se o primogênito nascesse com aquela napa vocês desistiam logo de cara. Mas veja pelo lado bom D. Beatriz, mulher nenhuma no mundo vai ser louca de dar em cima do seu marido.

- ...

- Posso ajudá-la em mais alguma coisa?

- Não, obrigada. Já vi que isso aqui é pior que central de atendimento do Speedy.

- O Céu agradece, tenha uma boa tarde.




tuuuu........tuuuuuu.......tuuuuuu.........tuuuuu

- Alô

- Alô, de onde fala?

- Controle da Vida, Departamento de Destinos, Antônio, boa tarde.

- Oi Antônio, tudo bem?

- Tudo bem, em que posso ajudá-lo?

- Nada de mais não. Na verdade eu tô ligando pra agradecer a gostosa que vocês mandaram pra mim. Mas cara, que chulé que tem essa mulher heim? Não dava pra mandar uma com um pé mais limpinho não? Parece um gorgonzola, derruba ganso. Afe maria, que cheiro horrendo...

segunda-feira, novembro 26, 2007

Entre ela e o sol.

Manhã de sábado na casa de uma tradicional família carioca. Na mesa do café, a mãe, Lígia, já de biquini e canga amarrada pra descer nas areias do Leblon. O Pai, de chinelos e sem camisa, lendo "O Globo" enquanto mastiga um pãozinho com manteiga. Já passa das dez e meia e, misturada à maresia que entra pela porta da sacada, há uma leve porém indisfarçável irritação no ar.

- Augusto, já são dez e meia, eu vou lá acordar a Amanda.

- Deixa a menina dormir Ligia, que implicância.

- Mas está um dia tão lindo lá fora Augusto, que horas a gente vai à praia hoje? Já vai ser impossível arrumar um lugar pra barraca.

- Deixa a menina, Ligia. Ela foi dormir tarde. Ficou na Lapa até altas horas com as amiguinhas ontem.

Alguns minutos depois, surge Amanda, vestindo Jeans, camiseta do Nirvana, all star preto e com os cabelos ainda molhados do banho, repartidos ao meio, escondendo parcialmente o rosto. Senta-se à mesa em silêncio. Parte um pão e espalha patê de presunto sobre uma das metades.

- Amanda, minha filha, aonde você vai vestida assim?

- Não vou a lugar nenhum mãe.

- Como não minha filha? Tá um dia lindo, eu e seu pai estamos esperando você pra ir à praia.

- Não quero ir à praia mãe.

- Como não?

- Que saco...

- Isso são modos menina?

- Olha, pra mim chega. Mãe, pai, eu preciso falar uma coisa pra vocês.

A cara de Ligia ficou mais pálida que cera. Parecia que todo o bronzeado tinha ido embora em segundos. Augusto baixou o jornal e olhou sério pra filha. Parece que o momento que eles tanto temiam havia chegado. Nó na garganta. Frio no estômago.

- Calma Ligia, deixa a menina falar.

- É mãe, deixa eu falar.

- Fala filha.

- Eu não fui à Lapa ontem.

- Não? Aonde você se meteu até as quatro e meia da manhã?

- Eu estava num show de Rock.

- Rock? Você disse Rock?

- É mãe. Olha mãe, to cansada de ficar me escondendo sabe, eu preciso contar logo uma coisa que tá me incomodando. Não sei se vocês já perceberam mas eu sou meio diferente das outras meninas. Sempre fui. Eu não gosto de...é que... é que eu sou...

- ...

- Pai, mãe, eu sou Paulista.

- Ai que desgosto, meu Deus, acho que vou desmaiar...

- Calma Ligia... ô Amanda, mas como? Você tem certeza?

- Ai minha filha, sempre desconfiamos que você fosse isso, mas sabe como é, a gente achou que era coisa de adolescente, que um dia ia passar. Acha que eu e seu pai não notamos que você era branquela? Que não ligava pra praia? Que adorava um prédio, um dia nublado, uma garoinha, um museu, um sanduíche de mortadela... Ai meu deus, quanto desgosto.

- Pois é mãe, sou Paulista mesmo. Aliás, eu sou Paulistana.

- Ai Augusto, olha o que essa menina tá dizendo. Paulistana? Que horror. Isso é culpa sua Augusto, ela puxou o seu lado da família.

- Não vem botando a culpa em mim não, Ligia.

- Deixa pra lá pai. Isso a gente não escolhe. A gente nasce. Eu sempre quis morar em Sampa. Eu já tô falando "meu" escondido há um tempo. E "estacionameinto" também.

- Tantos anos educando essa menina, comprando biquini e filtro solar pra ela, acordando todo domingo as sete e meia da manhã pra andar no Caminho Claudio Coutinho pra um dia ouvir isso. Isso é má companhia Augusto. Só pode ser. Amizade errada. Ficou andando com essa cambada de maluco agora deu nisso. Perdemos nossa filha. Filhinha, a gente paga pra você uma clínica bacana em Jacarepaguá, você passa uns meses lá e volta boa de novo. Isso passa meu bem.

- Mãe, ser paulista não é doença.

- Calma Ligia, deixa a menina.

- Olha Amanda, você pode ser quem você quiser. Mas se eu escutar um "meu" aqui dentro dessa casa, se no meu aniversário você cantar "é pique, é pique, é pique", se experimentar cantar escravos de jó com aquele "tira, põe" ridículo que não encaixa na melodia, eu não tenho mais filha. Tá me endendendo?

- Tô, tô inteindeindo.


Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com fatos da vida real são mera coincidência, abobrinhas saidas diretamente da cabeça do autor ou a convivência com uma certa carioca convertida a paulista que faz aniversário hoje. Parabéns Fê. Esse é só seu.

domingo, novembro 25, 2007

Guiness

O livro dos recordes da comida (segundo constatações científicas de Gastón)


Não há nada mais gordo nesse mundo do que Churros. Churros é uma massa, frita, coberta de açucar e recheada com Doce de Leite. O Churros mais famoso de São Paulo é o Churros do Gordo, que fica no centrinho do Guarujá. Como assim Churros do Gordo? É óbvio que é do gordo.

Não existe comida que provoque mais sujeira no mundo do que Biscoito de Polvilho. Você não consegue comer aquilo sem deixar cair farelo nem se tentar, nem se pendurar um aspirador no pescoço, nem se enfiar goela abaixo, nem se comer embaixo do chuveiro. Aliás, Polvilho faz sucesso na praia porque lá o farelo vira areia. Mas não coma biscoito de areia, não é a mesma coisa.

A comida mais sem graça do mundo é o Tofu. Até água tem mais gosto que Tofu. Quando deus fez o Tofu esqueceu de botar ele na fila do gosto. Se você gosta de Tofu, na verdade você gosta de Shoyu e Cebolinha. Além de sem graça, botaram um nome com trocadilho no negócio. Isso me fez lembrar as história dos três chineses que chegaram nos USA e se chamavam Bu, Chu e Fu. Eles quiseram mudar de nome pra se misturar melhor aos nativos. O Bu virou Buck, o Chu virou Chuck e o Fu voltou pra China.

O Champignon foi escolhido como a maior compensação do mundo (pra mim). Tudo que eu gosto engorda. Chocolate engorda, cerveja engorda, pizza engorda, hamburguer engorda. Um quilo de champignon tem as calorias de uma coxinha. E eu adoro champignon. Mas, por hora, me vê uma coxinha.

A pior comida do mundo é sopa de caldo de feijão com legumes. Se você gosta, azar o seu, eu acho uma droga.

O subject do Google que mais traz pessoas do mundo aqui no meu blog, relacionado a comida, é sobre receita de pudim de leite condensado. Tudo por conta de um post que eu escrevi sobre o melhor pudim de leite condensado do mundo: o da minha mãe. Esse subject só perde para a buscas por fotos da Claudia Ohana pelada e qualquer coisa relacionada a suruba. Logo num blog tão família como esse...

O salgadinho mais junkie do mundo se chama Glico Snack. É uma espécie de cheetos sabor tomate. É radioativo. Está a venda nas supermercados mais suspeitos da praça. Eu amo Glico Snack. A última vez que tomei uma overdose de Glico Snack fiquei brilhando no escuro uma semana.

A empregada que mais come no mundo se chama Joelita. Num concurso de melão ela devorou 14 melões em dois minutos, vinte e seis segundos e quatorze centésimos. Bateu o antigo record mundial que pertencia ao nadador Thiago Pereira. Jô agradeceu a seu patrão, Seu Gastón, pelos treinos em sua geladeira todas as sextas-feiras. Jô agora está treinando para a meia maratona de Cream Cheese light na Philadelfia.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Os incomodantes que se mudem.

Há algum tempo atrás, escrevi aqui sobre meu vizinho de cima e os barulhos que eu ouvia durante a noite. Sobre minha cabeça morava um casal. Bem discreto, eu diria. Ouvia apenas os clássicos barulhos de xixi de madrugada, banho à noite, gavetas pela manhã... mas nada de sexo em hora alguma. Estranho. Ou eles não andavam bem, ou ficavam horas numa posição de kama-sutra ou tinham algum fetiche do tipo trepar na cozinha com a geladeira aberta. Sei lá, cada um com seu cada um.

O fato é que, de um mês pra cá, minha vida mudou. Na verdade, o que mudou mesmo foi uma família com duas crianças pequenas pro 144. Pra quem achava que o inferno ficava pra baixo, eu garanto que ele está exatamente um andar acima.

Mãe histérica + pai trovão + filho mais velho espírito-de-porco + filho mais novo vitrolinha.

A primeira vez que escutei algo vindo daquele apartamento foi um "Larga ele, larga ele seu moleque, larga se não e te arrebento". Sutil.

Sete e meia da manhã de sábado a casa inteira está acordada. Aliás, as casas: a deles e a minha por tabela.

O pior da coisa é a dupla Mãe descontrolada + menino vitrolinha. Porque menino vitrolinha? É que quando eu era moleque, tinha um garotinho na minha rua com uma voz muito, muito fininha e irritante. A gente chamava ele de vitrolinha. Lembra daqueles toca-discos cor-de-laranja que a gente botava disquinho com história da Dona baratinha? Então, é por aí a coisa.

Mas a culpa de tudo é do irmão mais velho. Clássico. O mais velho tem a idéia de jerico, manda o mais novo executar, dá uma merda qualquer, a mãe começa a urrar e o vitrolinha chora. E como chora essa criatura. Sem sacanagem, eu escuto esse infeliz chorar umas oito vezes por dia. Um sofredor.

Alguém me sugeriu de chamar a Super Nanny. Eu já tô é ligando pro Capitão Nascimento.

- Zero-meia, larga esse brinquedo que é do zero-três, zero meia. O senhor já tem seis-anos, zero meia. O Senhor não tem vergonha? Tá quase com barba na cara e tá querendo brincar de cubinho de encaixar, zero-meia? Zero-três, tá na hora do seu banho. Você tem dez segundos pra entrar no chuveiro zero-três. Engrossa essa voz, zero-três. Vocês querem ser gente grande um dia? Nunca serão, NUNCA SERÃO.

Complicado vai ser o barulho dos polichinelos e flexões dos dois moleques. Fora que, trocar os gritos da mãe pelos do Capitão Nascimento vai dar no mesmo. Mas a médio prazo os do capitão devem resolver.

Sei lá, tava pensando aqui se um dia eu vou ter sossego. Porque, antes de mais nada, o zero-três vai engrossar aquela voz de desenho animado daqui uns sete anos. Dois irmãos param de brigar entre si somente quando uma coisa acontece na vida deles: mulher. Até o zero-meia se interessar por uma menina, vai por aí uma boa leva de tempo. Fora que esse lance de acordar sete e meia da matina só vai acabar na adolescência, quando os marmanjos vão querer hibernar até meio-dia.

Ou seja: sem esperanças.

Tapa ouvidos? Mas e aí, como eu escuto o despertador? Aliás isso é um mistério não desvendado pra mim.

Será que o 154 tá vago? Aí, além de tudo, eu contra-ataco.

Mando fazer um teto com isolamento acústico?

Afogo o vitrolinha na piscina?

Já sei, enfio uma coleira anti-latido no pescoço do moleque. Ia ser legal heim? Chorou, levou choque. Não, melhor não. Entraria num círculo vicioso que ia eletrecutar o menino.

Tá bom, tá bom, eu empresto meu Playstation pra eles. Saco.

domingo, novembro 18, 2007

Easy like a sunday morning

Cara, eu sou muito arroz de festa. É mais forte do que eu. As pessoas me convidam e eu vou. É mais ou menos assim que funciona. Durante a semana esse jogo não dá muito certo não. Passar dos 30 te deixam mais seletivo e atento ao dia seguinte pós-balada. Mas aos fins de semana e feriados... eita.

Esse feriado então foi ridículo. Ultrajante. Eu fui um looser completo nos meus propósitos. Fui emendando uma coisa na outra. Aliás, pausa para uma reflexão: já reparou que tem fim de semana que ninguém lembra de você e outros que todo mundo resolve te ligar?

Quarta a noite já rolou um:

- Gasta, bora tomar uma cervejinha do Gogó da Ema?

Como recusar? Pré-feriado? Amigos? Amanhã eu posso acordar mais tarde? É pra já.

Acordei meio lesado na quinta e lá fui eu pro interior visitar minha irmã. Fazer bate e volta cansa um pouco e já tava jurando de pé junto que ia mesmo ficar tranqüilo, descansando, tirando umas musiquinhas pro ensaio, vendo um filminho, no máximo pensei em chamar uma galera pra um vinho em casa. Pois neguinho me pegou ainda na estrada:

- Gasta, bora vir comer uma pizza aqui em casa? Vem todo mundo.

Bom, se vai todo mundo, eu não posso ficar de fora. Lá fui eu. E antes mesmo do primeiro pedaço de pizza liga uma amiga em perigo:

- Gasta, você pode pegar uns documentos na casa de fulano que é do lado da sua casa e me encontrar?
- Claro. Amanhã a gente almoça e eu te entrego.

E na sexta o almoço virou livraria, que virou carona pro cartório, que virou rolê na Etna. Cheguei esbudegado em casa. Jurando amor eterno ao meu sofá. Telefone:

- Gasta, partiu pro boliche?
- Boliche?
- Bora?
- Bora.

No fim não rolou o tal do boliche porque metade de Sampa teve a mesma idéia. O negócio foi pegar um cinema. No pós-cinema, combinamos os eventos do dia seguinte: ver uma exposição e bater uma feijuca pé-na-jaca total na Lana. Aí sim, depois de uma feijoada na Lana no meio da tarde de sábado, tô entregue e nada me fará sair de casa. Nada a não ser um SMS de uma amiga pra um chopp. Chopp eu recusei, mas um suco no Qualifruit e um papo eu aceitei.

Agora, Domingo já tava combinado desde quinta um almoço e cinema com outra amiga. Dito e feito. Aliás, perfeito: o filme acaba as 18:00, vou pra casa, desligo os telefones e vejo o jogo do Brasil no conforto do lar.

- Gasta, onde cê tá?
- Saindo do cinema.
- Cara, vem ver o jogo aqui em casa. Tô com a geladeira cheia de cerveja.
- Tô indo.

Mas tudo bem, o jogo acaba as nove e eu vou pra casa cedo. Acabou o jogo.

- Vamos pra um pizzaria aqui do lado?
- Vamos.

Uma pessoa fácil.

Um cara realmente firme nos propósitos.

Pena que amanhã não vai rolar feriado e, portanto, hoje não rola emenda aqui na agência. Ou a essa hora eu já tava no boteco. Ou no cinema. Ou no restaurante. Ou em casa, descansando. Não, não, esse último eu duvido muito.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Leia e esqueça

Se os pés estão na soleira da porta, o mundo pesa. O ar do lado de fora é quase rarefeito, se jogar na vida é tomar um soco no meio de peito e arfar incessantemente em busca de ar. Taí, só preciso ser livre uma vez pra me atirar. Dar uma volta sozinho, deslocado mesmo, fazendo força pra não voltar. Cheio de medo mas caninamente atento. Procurando em cada olhar a vista do que nunca vi e nem sei se um dia vou achar. Porque nessa vida até hoje tudo foi espelho ou traição. Me pegou desprevenido, sempre. Me roubou a atenção, me desviou do foco e me preparou para o melhor dos dias que nunca achei em calendário algum. Ai fica aquela raiva fingida que eu quero banir pra seguir em outra direção. Aquele ódio contido e insistente me amargurando, me espezinhando, me atacando o coração. Dessa vida não espero mais nada, petrificaram meu sonho e espatifaram ele no chão. Fizeram pouco do destino e ensinaram em auto-falantes a não confiar na solidão. Dessa história pouca coisa ficou entendida.

Agora esquece.

terça-feira, novembro 06, 2007

Insustentável leveza do ar.

Antes de bater com as dez, todo mundo tem que escrever um livro, fazer um filho e plantar uma árvore. Não tem um papo assim? Pois há pouco livro e muito filho nesse mundo. Já árvore, tá na moda plantar. Numa culpa quase católica, as empresas prometem se utilizar desse artifício para zerar a conta da própria emissão de poluentes. Aliás, prometeram zerar a deles e a sua também. Cartão de crédito, posto de gasolina, montadora... até o carnaval de São Paulo promete ser ecologicamente correto. Por que heim? Carro alegórico não é empurrado por uns 20 sujeitos com jeitão de leão de chácara? É pra neutralizar o cecê do desfile? Dá um rexona pra cada um que a conta fecha.

Plantar árvore é ótimo, louvável, excelente. Mas algumas coisas parecem não se encaixar direito.

E primeiro lugar, onde raios eles plantam tanta árvore? Estava lendo outro dia que, se aprovada uma lei de neutralização de carbono, as montadoras de automóveis terão que plantar 8 milhões de mudas em um ano. Será que bonsai tá valendo? Onde é que vão botar essa floresta toda? Pode ser que melhore o odor de poluição, difícil mesmo será cheirar menos marketeiro e mais conscientizado.

E empresa de feijão? Será que o pé de feijão já neutraliza os estragos que a gente faz quando come uma feijoada?

Outra coisa é: se eu saio com o meu carro e poluo o ar de Sampa, vai resolver algo se alguém plantar pra mim uma árvore em Ibiritiba Mirim? Meu carboninho é ensinado e vai até lá?

Bom, queria dizer que, apesar dos pesares, esse blog aderiu a nova moda e está neutralizando suas emissões de carbono. Já avisei pra minha pitangueira que ela tem que recolher a respiração de vocês enquanto lêem. Podem respirar sem culpa. Até um punzinho ela aguenta.

Já dizia o sábio filósofo: "As árveres somos nozes".

segunda-feira, novembro 05, 2007

Gasta in Rio

Segundo aporte em terras cariocas. Outros anfitriões, outros lugares, outro ritmo. Ao contrário da frenética primeira visita, esfomeada de conhecer tudo, essa foi calma, cadenciada.

Continuo sendo uma espécie de E.T por aquelas bandas. Assim eu me sinto. Definitivamente. Conto nos dedo os indivíduos de ambos os sexos com características extraterrenas que cruzaram meu caminho em 72 horas. Se bem que houve um quase sósia perambulando pelo Jardim Botânico.

Eu, no Rio, sou meio fora de contexto. Pois é, logo eu que virei para-raio de carioca na terra da garoa. Já adotei vários. Adoro todos. Sempre vai caber mais um.

Foi bom passear nessa terra. Apesar do calor que quase fez derreter um Paulistano branquelo. Branco por opção. Ou seria por excesso de trabalho? Se eu trabalhasse num calor daqueles já tinha passado dessa pra melhor. E Deus fez o Ar-condicionado. Amém.

Minha maior descoberta nessa viagem? O chopp do Rio é diferente do de São Paulo. E só tem um lugar do Rio que vende "chopp a la Paulista". Aliás, tem dois lugares porque agora abriu a Pizzaria Brás (que não dá ketchup pra ninguém) por aquelas bandas. Sem bairrismos tolos, prefiro o que tomamos por aqui, com aquele belo colarinho cremoso. E em toda mesa de bar que me sento, há sempre lá um carioca da gema pra brindar.

E toda vez que chego em casa alguém me conta sobre algo que deixei de fazer ou conhecer. Vou cheio de dicas e volto cheio de coisas perdidas. Eu sei, eu sei, me sabotam. Aí eu tenho que voltar outra vez. Até eu me saboto.

E a jornada foi perfeita. Porque começou com as retinas apoiadas na beleza do dia carioca e encerrou na arrebatadora visão da noite paulistana.

Desculpa Rio, mas deixei o melhor por final. São Paulo não é qualquer paixão.

Minha alma não canta porque sempre acontece alguma coisa no meu coração.



p.s: Obrigado Fê e André pela viagem e inspiração pra esse post. Texto dedicado também à Aninha e Fabi, a partir de agora presentes no meu mundo real.

 
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