terça-feira, outubro 12, 2010

Insustentável.

Vou me aproveitar da carcaça do meu velho e querido blog de crônicas pra postar minha opinião sobre o festival SWU. Aos que por ventura me visitarem atrás de velhos textos, na maioria de humor, me perdoem o desabafo pra lá de mau humorado.

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Insustentável.

Nesse último domingo, fui ao festival SWU. Um evento pretensamente preocupado com a sustentabilidade. Sustentada mesmo deve estar a barriga de seus organizadores.

Não vou nem entrar muito nas questões ecológicas. Pra mim não houve diferença alguma de qualquer outro festival com copos de plástico, junkie food e preços exorbitantes. Há quem entenda ainda mais do assunto e possa deixar claro uma infinidade de incoerências ecológicas do SWU.

Vou me ater a (triste) experiência de quem, assim como eu, comprou uma ideia e um ingresso.

O primeiro erro: a escolha do local. Linda fazenda em Itu mas que tem acesso através de duas estreitas estradas de terra. Os transtornos que as pessoas passaram para entrar e sair do local foram inúmeros. Teve gente chorando, gente jogando pedra em ônibus e muita, muita gente esperando ao menos duas horas para deixar o local em um engarrafamento monstruoso. Claro, como 70 mil pessoas poderiam deixar ao mesmo tempo um local por 2 estradas de terra onde passam 2 carros? Aliás, todas as duas estavam tomadas por ônibus estacionados em toda a sua extensão. Ou seja: havia apenas 1 pista livre.

E se acontece alguma coisa mais séria? Pisoteamento ou coisa que o valha. Sem querer ser dramático mas, me parece totalmente aceitável acontecer algo em um lugar onde 70 mil pessoas se acotovelam por um lugar melhor pra ver sua banda preferida. Se dá alguma m... ali, não tem socorro extra que chegue. Literalmente.

O preço do estacionamento (única opção para quem desejasse ir de carro) era de 100 reais. Por isso muitos, inclusive esse que vos escreve, optaram por vans ou ônibus. Vans e ônibus que, na sua maioria, não tinham onde parar a não ser há 2 quilometros a pé do local do evento.

Ok, então você foi de carro, pagou 100 pratas, andou 2 quilômetros, viu o show e depois andou mais 2 quilômetros e ficou, com sorte, 2 horas esperando pra sair. Houve quem disse 4.

Como fui no segundo dia de shows, já estava mais ou menos prevenido sobre as filas enormes para comprar comida e bebida. O que eu fiz? Comprei biscoitos e salgadinhos pra levar. Afinal de contas é um evento “a la woodstock”, não? Super ecologico e amigável, super bacaninha e camarada. Além disso tinha pela frente mais ou menos 7 horas de festival. Nada mais certo me prevenir. Pois fui obrigado pela (des)organização a jogar fora todos os meus alimentos. Entrei com uma mochila vazia no SWU.

Gostaria mesmo de uma resposta decente para não me permitir entrar com salgadinhos e biscoitos num festival. Proibir latas e garrafas eu entendo, agora, biscoito recheado? Acham que eu poderia atirar um polvilho em alguém? Matar alguém com uma barra de chocolate? Fazer uma bomba de cheetos? Meu deus... Detalhe: latas de cerveja foram vendidas no evento.

Sabe quanto tempo levava para comprar um hot dog? Mais de uma hora. Sabe quanto tempo durava um show do SWU? Uma hora. Quer comer? Escolha um show pra ficar na fila do Hot Dog.

Fora isso, havia 2 tendas cobrindo o palco para quem estivesse atrás delas, mesmo há 200 metros de distância.

E isso tudo saiu bem caro. Um ingresso de 234 reais (acrescido da inexplicável e indecifrável taxa de conveniência onde você paga e você mesmo vai buscar seu ingresso).

Sustentabilidade? Pra mim só ficou o recado da exploração, desorganização e enganação.

Mais um que veste a roupa de “sou verde” pra enganar você e encher o bolso de verdinhas.

Avisa aí que ser sustentável é mais do que reciclar lata, fazer fórum e parede de pneu.

Sustentável também é tratar as pessoas com respeito.

Estavam tão preocupados com o lixo que esqueceram do público.

 
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